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Writer's picture João Paz

Educação a distância de emergência - Terry Anderson

Updated: Apr 8, 2020


Todos os dias surgem notícias de mais cancelamentos de eventos sociais. Em muitas áreas as escolas fecharam e parece igualmente provável que muitas escolas localizadas em campus irão encerrar por ???? dias/semanas. Este é o cisne negro que a maior parte das universidades pressionadas financeiramente não tiveram capacidade para prever. Mas agora chegou. O que cria oportunidades e desafios. Nesta mensagem são fornecidas recomendações pessoais para uma transição de emergência para a educação online. A oportunidade sem precedentes de aprender com um curso intensivo de educação a distância numa era em rede.


Todos estes encerramentos originaram muitas mensagens criadas por especialistas, instituições e empresas que oferecem conselhos aos professores que se esforçam para transferir rapidamente um curso para o regime online, a meio do semestre.

Veja-se, por exemplo, Tony Bates Advice to those about to teach online because of the corona-virus ou Stephen Downs’ Quick Tech Guide e a Universidade de Cornell Preparing for Alternative Course Delivery during Covid-19. Os desafios de transitar muito rapidamente para o regime online assemelham-se à tarefa de "Construir um Avião no céu" tal como documentado no famoso anúncio da EDS! A mensagem que se segue junta-se, assim, à lista de secções de conselhos já publicadas.


A boa notícia é que a digitalização já está em vigor na maioria dos campus – provavelmente tanto estudantes como docentes estão inscritos num Sistema de Gestão de Aprendizagem (SGA) institucional (se tal não acontece isso devia ser uma das primeiras prioridade sadministrativas) ou uma rede institucional sediada no Google ou noutro fornecedor. Há uma série de ambientes privados e de código aberto que provavelmente acolheriam rapidamente a oportunidade de acolher o seu curso - talvez até gratuitamente. Fazê-lo é provavelmente uma péssima ideia – a menos que não exista absolutamente nenhum sistema institucional para salvaguardar e-mails, gravações e avaliações confidenciais. Este NÃO é o momento para abraçar a inovação deslumbrante da mais recente plataforma de software social. Pelo contrário, é a altura de pôr a funcionar um curso online muito rapidamente.


Pense no seu curso no SGA como o seu próprio mini ambiente de aprendizagem ou sala de aula. Quando considera as atividades que se passam atualmente na sala de aula do campus, tente encontrar uma ferramenta que lhe permita cumprir esses mesmos objetivos educacionais e atividades de aprendizagem – apenas online. Por exemplo, se usa regularmente apresentações de estudantes, pode ensinar os alunos a serem apresentadores numa webconferência ou a gravar e depois partilhar vídeos que eles podem fazer com os seus telemóveis. Um bom lugar para começar a procurar ferramentas é a biblioteca de ferramentas no seu SGA MOODLE, BlackBoard ou Canvas. Provavelmente tem ferramentas para debates em pequenos grupos, minitestes, blogues, microblogging, escrita colaborativa, galeria de fotos e muito mais.


Algumas instituições mais ricas e maiores podem ter sistemas de captura de lições em sala de aula que podem ser usados para gravar as suas lições. Ah, é verdade! – o seu campus está fechado. Uma ideia mais simples é gravar um vídeo – em casa, usando o portátil com o microfone incorporado. Deste modo não produz vídeo de alta definição de qualidade televisiva – mas funciona. Mais uma vez, se tiver sorte, a sua instituição tem um contrato com um serviço de streaming de vídeo. Se não tiver, pode sempre utilizar o YouTube.


Estes vídeos gravados e transmitidos em streaming, estão disponíveis 7 dias por semana, 24 horas por dia, mas ver um vídeo não gera os mesmos valores de empenhamento e compromisso que surgem quando os alunos e o professor se reúnem online em tempo real. Especialmente se está a fazer um curso de um campus online, a videoconferência é uma ótima ferramenta a usar. A videoconferência suporta a apresentação em tempo real de conteúdos que caracteriza muitas salas de aula. No entanto, para além disso, suporta a divisão dos estudantes em grupos, discussões de texto, comentários e perguntas e inclui uma série de ferramentas de desenho e de minitestes.


Na educação temos uma longa história de cursos com conferência de vídeo (diferente da videoconferência na web). Estes cursos utilizavam salas de aula dedicadas e tecnologia muito cara – a maioria das qual propensa a avarias. As atuais ferramentas de videoconferência como ZOOM, Adobe Connect, Big Blue Button e outras podem superar muitas das restrições das tecnologias mais antigas. Estes sistemas são ótimos para aulas até cerca de 60 alunos. A tecnologia em si pode escalar para além dos 60, mas a gestão de uma sessão em que apresenta uma lição a tantos intervenientes requer mais habilidade do que no caso de grupos com menor número de participantes, como um seminário ou uma sala de aula. Lembre-se que, provavelmente, nem todos os alunos estarão presentes em todas as aulas agendadas. Isso não levanta problemas, pois pode gravar as interações, e eles podem revê-las quando o desejarem.




Na cópia de ecrã apresentada acima, da Universidade de Cornell, podemos ver como apenas três ferramentas (LMS Canvas, videoconferência Zoom e correio eletrónico), que estão disponíveis para todos os docentes, podem responder a quase todas as exigências de comunicação de uma educação online de qualidade.


Ao conceber e falar de cursos online, penso frequentemente no Modelo da Community of Inquiry (COI) desenvolvido por Randy Garrison e Walter Archer, no início da era dos cursos online. A força do modelo da COI é a sua simplicidade e capacidade de funcionar como heurística orientadora para os professores online. O modelo sugere que a aprendizagem de qualidade acontece quando três componentes educativos (presença de ensino, presença social e presença cognitiva) estão presentes no ambiente online.



Modelo da Community of Inquiry (COI)


Num curso online de emergência, é importante que o professor desenvolva e sustente rapidamente a presença de ensino. Isto significa estar presente e, especialmente nos primeiros dias ou semanas, estar online diariamente. Em segundo lugar, garantir a continuidade do curso, publicando datas e tarefas de aprendizagem para o resto do semestre. Embora muitos cursos tenham uma execução assíncrona, uma ótima maneira de dar início ao ensino e fomentar a presença social num curso de emergência é com uma aula em tempo real, usando ferramentas de videoconferência como as descritas acima. No mínimo, o professor deve gravar um vídeo, explicando como o curso continuará num futuro próximo.


A presença social cria uma sensação de segurança, apoio e humor. É assegurada proporcionando um espaço para os alunos se encontrarem e cumprimentarem online, fazerem perguntas, conversarem uns com os outros sobre as suas preocupações – bem como com o professor. O SGA está bem desenvolvido para lidar com esta interação informal – pense nas conversas ocasionais fora da sala de aula física, bem como na criação de uma zona de conforto onde os alunos possam facilmente fazer perguntas e expressar preocupações.


Por fim, a presença cognitiva é a razão pela qual o curso continua. O professor estimula a presença cognitiva criando apresentações dinâmicas, levantando questões que estimulam repostas, tanto aos indivíduos como aos pequenos grupos, monitorizando as interações para esclarecer ideias erradas e desafia os alunos a encontrar formas de criar conhecimento aplicado a partir da informação que estão a adquirir na sala de aula.


Os cursos de emergência, muitas vezes, não se podem dar ao luxo de criar novos conteúdos. Assim, o professor experiente pesquisa os recursos educativos abertos disponíveis que podem ser incorporados no curso. Muitas vezes, os professores pensam em REAs (Recursos Educacionais Abertos) apenas como manuais escolares abertos e, na verdade, existem milhares de manuais abertos disponíveis para transferência e edição gratuitos. Para além disso, há um número crescente de simulações, jogos, exercícios laboratoriais, vídeos e imagens fáceis de obter. Se tiver sorte, pode haver uma unidade dedicada de apoio a REAs no seu campus, que pode contactar para o ajudar a encontrar esses recursos. No entanto, existem muitos repositórios de REAs e a Universidade George Mason gere uma base de dados pesquisável gratuita do REA Metafinder.


Os próximos meses verão surgir muita incerteza e desafios financeiros para muitos. No entanto, estes vírus tendem a surgir e, eventualmente, desaparecer. Esperemos que a experiência proporcione, tanto a alunos como a professores, uma dose saudável de literacia da educação online.



Tradução de João Paz, a partir de https://virtualcanuck.ca/2020/03/13/emergency-distance-education, com autorização do autor.

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