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O que devo fazer?

1) Princípios e desafios fundamentais

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  1. O trabalho com os estudantes deve ser sobretudo assíncrono, e basear-se na realização de actividades propostas pelo professor, com o suporte de materiais e recursos fornecidos, e/ou outros a pesquisar pelo estudante.

  2. As sessões síncronas devem ser limitadas ao essencial, e não ter uma duração superior a 60-90 minutos no máximo. Isso evita a sobrecarga cognitiva causada pelo excesso de tempo em comunicação síncrona e, também, a sobrecarga e exigência de recursos que a videoconferência acarreta.

  3. Deve haver uma coordenação entre os vários professores para gerir adequadamente a carga de trabalho pedida aos estudantes e os picos de actividades de avaliação. É muito fácil cair no excesso de actividades e solicitações, esquecendo que muitas coisas demoram mais tempo a fazer online, e que a gestão da comunicação consome uma parte importante desse mesmo tempo.

  4. Tanto quanto possível, é de evitar uma grande proliferação de novas ferramentas - cada professor utilizar um conjunto diversificado de ferramentas diferentes. As que já eram usadas não levantam problemas, mas as novas requerem uma curva de aprendizagem que será tanto maior quanto o seu número.

  5. A avaliação deverá ser adequada às actividades realizadas em termos dos modos e instrumentos utilizados e adaptada aos meios disponíveis para a sua realização. A avaliação a distância por testes tradicionais levanta sérias dificuldades para ser realizada com qualidade e fiabilidade. Podem fazer-se testes com determinadas características e estabelecendo janelas temporais (90/120 minutos), mas devem ser desenhados tendo em conta o contexto (questões ligadas a trabalho realizado e assumindo a consulta de recursos).

 

2) Desenvolvimento do ensino-aprendizagem online

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  • Privilegiar a metodologia assíncrona (os estudantes realizam as tarefas cumprindo determinados prazos mas ao seu ritmo e no seu tempo) relativamente à síncrona (aula via videoconferência, onde estão todos presentes à mesma hora).

  • Disponibilizar actividades a serem realizadas pelos estudantes: leituras, exploração de recursos (áudio, vídeo, apresentações, simulações, etc.), exercícios, miniprojectos, testes, produções etc.

  • Dar orientações escritas claras quanto ao que fazer, quando (prazo) e como. As instruções devem ser detalhadas e o mais explícitas possível.

  • Estimular a colaboração entre os estudantes na realização de tarefas e na elaboração de produtos finais. Isso ajuda muito a esbater o sentimento de isolamento e distância, criando uma espírito de comunidade e entreajuda muito positivo para gerir uma situação que, para muitos, pode ser emocionalmente exigente. Além disso, esta entreajuda será muito benéfica para os estudantes com mais dificuldades.

  • Ao utilizar vídeos (próprios ou disponíveis online), ter em atenção os tempos máximos recomendados (15 minutos, preferencialmente menos). Caso tenha que se optar por um vídeo de duração maior, devem disponibilizar-se actividades que permitam trabalhar os conteúdos do vídeo em vários segmentos menores.

  • Estar atento à carga de trabalho a realizar pelos estudantes: fazer uma estimativa prudente do tempo que irão precisar para realizar as actividades. É fácil cair em excessos quando se transita para o contexto online, em que algumas tarefas demoram bastante mais tempo a executar.

  • Acompanhar e apoiar a realização das actividades, esclarecer dúvidas e responder a perguntas utilizando as ferramentas de comunicação disponíveis (Google Classroom, Teams, Moodle, etc.).

  • Dar feedback formativo frequente aos estudantes: este é um aspecto fundamental para o sucesso da aprendizagem online.

  • Ser empático, cordial e construtivo nas interacções com os estudantes. Todos os sinais e elementos não-verbais que contextualizam e desambiguam a comunicação presencial estão ausentes no meio online. Mesmo no caso do áudio ou do vídeo a sua presença é muito reduzida. Utilizar a crítica e o humor com tacto e ponderação.

  • Desenvolver uma avaliação contínua das actividades, que contemple os objectivos, competências, produções e interacções solicitadas aos estudantes. Contudo, deve resistir-se à tentação de avaliar tudo – é importante seleccionar apenas o que é realmente relevante e significativo para avaliar e classificar.

  • Recorrer a sessões síncronas apenas pontualmente (videoconferência) para fazer pontos de situação, dar um feedback geral relativamente ao trabalho desenvolvido, lançar novas actividades e desafios, auscultar o sentimento dos estudantes face ao processo de aprendizagem (actividades, carga de trabalho, instruções, etc.), trazer um especialista externo ou apresentação de trabalhos. Não usar estas sessões para “dar aulas” no sentido tradicional.

  • A noção de presença em meio online (excepção feita às sessões síncronas) é corporizada na realização das tarefas e na interacção com o professor e os colegas nos vários contextos de comunicação.

  • Fazer uma gestão cuidada da carga de trabalho do professor:

    • optar por um feedback por amostragem (problemas e dúvidas mais comuns) se se tiver um número muito elevado de estudantes;

    • escolher criteriosamente o que avaliar e classificar;

    • privilegiar meios de comunicação um-para-muitos e muitos-para-muitos, em vez de um-para-um, por serem menos exigentes em termos do tempo e atenção - a dúvida de um pode ser a dúvida de muitos; um esclarecimento único pode ser visto e utilizado por muitos estudantes.

 

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José Mota

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