Acho que foi isto que a maior parte de nós se perguntou quando saiu a notícia do encerramento das escolas e faculdades, e fomos confrontados com a necessidade (imediata, no caso do ensino superior; a muito curto prazo, no caso do não superior) de passar a ensinar a distância. Isso significa, excepto no caso de uma pequena, mas nem por isso menos importante, percentagem de alunos, ensinar online. A esperança que tenho, que talvez muitos tenhamos, é que se encontre em Portugal a capacidade de todos - governo, empresas, instituições, pessoas - encontrarmos uma solução que apoie de forma eficaz esses alunos. Nunca fez tanto sentido a ideia de não deixar ninguém para trás.
Para muitos com pouca ou nula experiência de ensinar e aprender online, o difícil é destrinçar de entre a imensidade de informações, opiniões, recomendações e propostas aquelas que têm fundamento e são sustentadas por boas práticas e por conhecimento construído, e outras que advêm de crenças pessoais, de práticas ad hoc e de intuições de autoproclamados especialistas.
Esta comunidade é um esforço nesse sentido - ajudar a encontrar com maior facilidade o útil e o adequado, e (se calhar) sobretudo promover o diálogo entre a comunidade de EaD e entre esta e o público em geral, porque a experiência de ensinar online está pouco disseminada, sobretudo no ensino não superior. Este fórum será uma oportunidade de colaborarmos e de nos apoiarmos mutuamente com sugestões, dúvidas, questões, exemplos de uso, etc.
Nesse sentido, deixo algumas sugestões (que já partilhei no Facebook) para que quem esteja a entrar agora em contacto com o EaD e a educação online possa filtrar o que vai encontrando. Podem ignorar com segurança contribuições por essa web fora que tenham as seguintes características:
- que contenham afirmações do tipo "não há aprendizagem sem presença física", "é preciso estar olhos nos olhos", "online falta o calor humano", "não há ambiente social no online, está-se isolado", "a aula presencial é muito superior ao online", "os alunos online têm menos apoio que no presencial", e outras formulações deste tipo;
- que advoguem o cumprimento dos horários tradicionais e o desenvolvimento do ensino-aprendizagem com base numa bateria de aulas em videoconferência;
- que sugiram um enfoque nas sessões síncronas (muitas horas) e nos mecanismos de controlo dos alunos;
- que queiram basear o ensino-aprendizagem exclusivamente, ou quase, em vídeos, sobretudo com durações superiores a 15 minutos;
- que recomendem como forma de comunicação preferencial canais de um-para-um, em vez de um-para-muitos ou muitos-para-muitos.
A lista não é exaustiva, mas acho que é representativa :-).
Estas pessoas, por muita boa vontade que tenham, não estão capacitadas para vos dar uma ajuda efectiva.
e-agora eis que surge a oportunidade de nós, migrantes digitais, nos aproximarmos dos interesses e necessidades dos nativos digitais que são os nossos alunos.
Certamente teremos todos de sair da nossa zona de conforto, que é lecionar quase como aprendemos, para uma realidade que faça uso de ferramentas digitais com as quais os nossos alunos se identificam. Não será uma batalha fácil para o professor. No entanto será muito produtiva para os seus alunos.
Fica a sugestão do curso gratuito facultado pela Porto Editora, na plataforma da Escola Virtual, para se darem os primeiros passos de forma orientada.