Imagem extraÃda de: [https://1dex.ch/2020/03/coronavirus-ceci-nest-pas-une-ecole/#.XocVGf1KjIU] em abril de 2020
Plataformas, ferramentas, recursos e menos vezes, é certo, estratégias e/ou metodologias. Nos últimos dias a circulação de informação acerca destas temáticas no Ensino a Distância tem sido avassaladora.
Cheguei ao Ensino a Distância em setembro do ano passado, meia dúzia de meses que, face aos acontecimentos dos últimos dias, me parecem ter sido numa outra vida. Não imaginava que tal oferta educativa existisse e muito menos me imaginava fazer parte dela. Mas faço. Convicta, embora atenta, indagante, reflexiva e crÃtica não deixo de me surpreender com as ameaças e, sobretudo, com as imensas potencialidades desta experiência formativa (e formadora).
O Ensino a Distância não é uma Escola. Mas, o que é uma Escola?
EdifÃcios, pátios, escadarias? Salas, secretárias, cadeiras?
Quadros, projetores, manuais, cadernos?
Se tivessemos de explicar a um extraterreste o que é uma Escola, o que lhe dirÃamos?
São muitas as lentes que analisam a Escola e a adoptam como seu objeto de estudo: Sociologia, PolÃticas, Administração e Gestão Escolar, Psicologia, Pedagogia, Didáticas... todas contribuem para que a construção do conceito de "Escola" se torne cada vez mais inteligÃvel, acreditanto que, compreendendo o que é a Escola a possamos melhor a cada (inter)ação. A questão é mesmo essa: a Escola é uma enorme teia de interações e é nessa (dessa) teia que emergem a aprendizagem e o desenvolvimento. É claro que há contributos mais explÃcitos e diretos, outros mais subtis e, até, camuflados mas a escola faz-se, essencialmente, de pessoas. São as pessoas que aprendem e está mais do que provado de que aprendemos uns com os outros, em relação.
São meia dúzia de meses, embora setembro de 2019 pareça ter sido numa outra vida, mas estou cada vez mais convicta de que a Escola (Educação) são as pessoas, as relações que se estabelecem, o contÃnuo jogo de expectativas, ações e reações que se vivenciam. Na sala, no pátio, no Museu, no Jardim ou online,
de forma mais fisica ou mais digital, será, sem dúvida, acerca de pessoas que falaremos quando tentarmos explicar ao extraterrestre o que é a Escola. E recordaremos, com certeza, as pessoas que nos desafiaram, que nos motivaram, que nos ensinaram porque nunca cessaram de aprender e nos contagiaram com a sua paixão.
É importante conhecer as ferramentas, os recursos, as metodologias. Mas o Ensino a Distância será sempre o que as pessoas fizerem dele. Exatamente como o Ensino Presencial.
É, pois, tempo de planificar estratégias, explorar as ferramentas, compilar, ajustar e construir recursos para os nossos alunos, com o "nosso cunho". A partilha de práticas é essencial e ajuda-nos a conhecer e a refletir (o inteligente aprende com os seus erros, o sábio aprende também com os erros dos outros) mas, a distância como no presencial, "não há receitas". Há pessoas em desenvolvimento. E, para isso, há que haver algum tempo entre o agir e o (re)agir para parar e refletir. E se o tempo urge, não nos esqueçamos que o computador (plataformas, ferramentas, recursos e tudo mais) não é a Escola. A Escola somos nós. Todos. Professores e alunos; Diretores e Coordenações; Pais, famÃlias, tutores e Instituições.
Talvez nos sintamos esmagados por toda esta urgência mas não nos podemos esquecer de quem somos e quem conseguimos (ante)ver em cada um dos nossos alunos, ainda que só através do tom de voz com que nos dão os "Bons dias" ou respondem às nossas mensagens. Ensino a distância, sim. Claro que sim. Em tantas e tão diversas situações. Mas que nunca se percam as relações. Que nunca esqueçamos as pessoas. Cada uma das pessoas que são a Escola.
Olá Ana!
Que bela reflexão, e que bom que a experiência com o ensino a distância criou a possibilidade de novos olhares sobre essa "enorme teia de interações".
Foi exatamente essa ampliação das possibilidades de romper com os limites do tempo e espaço que fez com que eu me apaixonasse pela EaD, há dez anos atrás.
Abraços!
Andréa César